quarta-feira, 13 de julho de 2011

A Mil Por Hora

O homem vem nos últimos tempos demonstrando uma tendência comportamental interessante, trata-se do fascínio pela velocidade. Tal comportamento pode ser notado em diversos eixos da vida da pessoa provando assim que essa tendência ao rápido já encontra-se enraizada em sua cultura.Queremos o carro mais veloz, a internet com mais megas, gigas, os carros com mais poder nos motores , os aviões mais rápidos e sobretudo rapidez nos serviços prestados, hoje em dia não basta ser bom, tem que ser rápido.

A velocidade aponta até o caminho dos relacionamentos.O romantismo deu lugar ao prático para suprir assim as necessidades pessoais.Os encontros familiares foram extinguidos, devido a pressa e a necessidade de não se perder mais tempo, as longas conversas nas tardes de domingo na casa do parente mais velho com a família reunida deu lugar a chats no MSN, mensagens no face book e no twitter, e o tradicional telefonema deu lugar ao skype.Porque é mais moderno ? Não, porque é mais rápido assim!

Isso está de fato relacionado com a tendência atual de supervalorização do ter para ser, quanto mais se tem mais se é, para ter mais é necessário então que sacrifiquemos algumas coisas do nosso dia-a-dia afinal, tempo é dinheiro.Sendo assim passamos a adorar o metrô porque é mais rápido, o avião porque demora menos ainda ( não levemos em conta a atual situação dos aeroportos por favor) e esquecemos-nos das boas sensações que tínhamos antes disso tudo surgir, ou talvez antes de sermos tão dependentes da velocidade.

Poucos talvez saibam o doce sabor de uma viagem de trem, poucos talvez apreciem a estrada dentro do ônibus e toda a nuance oferecida pela viagem, perde-se a magia da viagem, do caminho percorrido para se chegar ao destino final.Desse caminho desprezado poderíamos tirar muitas lições ou mesmo refletirmos e afastar o stress tão rotineiro de nossas vidas.

O ato de comer então nem se fala, veneramos o fast food, lugar desenhado especialmente para que você , caro leitor não perca seu precioso tempo comendo.Ali tudo é desenhado par evitar a permanência no lugar.Cores vibrantes, cadeiras desconfortáveis, mesas em pouca quantidade para que assim fiquemos com a sensação de estar importunando as outras pessoas que poderiam estar ali sentadas e não estão devido a estarmos apreciando lentamente nossos lanches.

Os esportes passam por grandes transformações para ganhar agilidade.Bolas com menos resistência ao ar, carros com motores modificados , roupas para que o nado se torne milésimos mais rápido são criadas, notamos assim que perder mesmo que for um milésimo de segundo hoje em dia é algo extremamente trágico.Afinal estaríamos nós pobres seres humanos ganhando tempo ou perdendo ?

Será que ao deixar de lado muitas coisas afim de ganhar tempo na aumentando a velocidade das coisas não estamos caminhando para uma automatização dos nossos movimentos e uma padronização de pensamentos, até cursos superiores com menor duração foram criados para suprir uma necessidade de formação de um jovem que não tem paciência para perder 4 anos nas universidades, moradas do saber , são eles os famosos cursos tecnólogos , formando pessoas na velocidade que elas necessitam.Não que esse profissional não seja capacitado mas como se sente aquele que passou 4 anos em meio aos estudos?

Nem vou adentrar aqui no assunto casamento, já tivemos casamentos relâmpagos com duração de um mês, com tudo exigindo velocidade até o tempo necessário para se conhecer de verdade a pessoa com quem desejamos passar o resto da vida foi executado e diminuído, afinal amor se cria com o tempo! Será ?

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