quinta-feira, 14 de julho de 2011

Viver Não Só Para Si…

Ainda com o mote de perder tempo hoje o que pauta minha madrugada é o balanço do que passamos em nossas vidas, lembrávamos na sala em uma conversa informal o tempo que meu pai ainda estava entre nós e senti um certo aperto daqueles que percorrem a alma da pessoa e atravessam a guela como se fosse sufocar.Dessa vez não era saudade mas sim um pensamento de “ e se tivesse sido diferente ?” Nunca pra mim a música Epitáfio fez tanto sentido.Naquele momento eu pensava exatamente naquelas frases precedidas pela palavra deveria, tantas e tantas coisas que poderia ter feito e não fiz, outras que talvez eu poderia não ter feito.Não é arrependimento é dúvida mesmo.

Passamos metade da vida lamentando o que não fazemos ou o que fazemos numa indecisão tenebrosa.E o que leva a isso ? Talvez seja o sentimento de sermos incompletos, não preenchidos totalmente com algo que não sabemos bem do que se trata.Recentemente tive a estranha sensação de me sentir maravilhosamente bem em um velório, a cena mórbida e triste para uns, para mim era um sinal de carinho, amizade, solidariedade e perseverança na caminhada da vida.Estava eu ali sem ter conhecido o morto em exercício da vida, mas estava ali por conhecer os que o conheciam.Isso foi de certa forma uma prova para a minha pessoa de que o fim talvez seja um meio de continuarmos a viver, para os que ficam é onde é provado quem esta realmente caminhando ao seu lado e quem esta só passando por sua vida correndo.

Esse episódio ensinou-me também sobre o quanto vivemos preocupados com nosso dia-a-dia esquecendo do mais importante, dar atenção aos que nos rodeiam, um dia eles vão e o que ficará em nossas memórias com certeza será as lembranças dos momentos que vivemos ao lado dessas pessoas ilustres que nos ajudaram ou simplesmente nos rodearam durante nossas vidas.Não vale a pena sangrar por sangrar, sofrer de véspera e anular assim as pessoas como se fossem objetos, deixando muitas vezes de lado família e amigos para correr atrás simplesmente de dinheiro.

Quantos momentos já não perdemos por acharmos que não valia a pena sacrificar-nos para suprir as necessidades de carinho dos outros? Nessa ocasião senti que o tempo que tinha passado lá, que tinha em tese perdido no meio das pessoas tristes foi de fato um ganho sensacional para minha alma.

O que alimenta a alma não é somente rezas, rituais...claro que também tem sua importância tudo isso mas não podemos deixar de lado o exercício da caridade, da solidariedade, da compaixão e sobretudo da verdadeira amizade.Só alcançaremos a plenitude de nosso espírito se ajudarmos aos outros a encontrar isso também, a evolução é em conjunto assim como vivemos em conjunto e precisamos desse todo. Precisamos de todos....

quarta-feira, 13 de julho de 2011

A Mil Por Hora

O homem vem nos últimos tempos demonstrando uma tendência comportamental interessante, trata-se do fascínio pela velocidade. Tal comportamento pode ser notado em diversos eixos da vida da pessoa provando assim que essa tendência ao rápido já encontra-se enraizada em sua cultura.Queremos o carro mais veloz, a internet com mais megas, gigas, os carros com mais poder nos motores , os aviões mais rápidos e sobretudo rapidez nos serviços prestados, hoje em dia não basta ser bom, tem que ser rápido.

A velocidade aponta até o caminho dos relacionamentos.O romantismo deu lugar ao prático para suprir assim as necessidades pessoais.Os encontros familiares foram extinguidos, devido a pressa e a necessidade de não se perder mais tempo, as longas conversas nas tardes de domingo na casa do parente mais velho com a família reunida deu lugar a chats no MSN, mensagens no face book e no twitter, e o tradicional telefonema deu lugar ao skype.Porque é mais moderno ? Não, porque é mais rápido assim!

Isso está de fato relacionado com a tendência atual de supervalorização do ter para ser, quanto mais se tem mais se é, para ter mais é necessário então que sacrifiquemos algumas coisas do nosso dia-a-dia afinal, tempo é dinheiro.Sendo assim passamos a adorar o metrô porque é mais rápido, o avião porque demora menos ainda ( não levemos em conta a atual situação dos aeroportos por favor) e esquecemos-nos das boas sensações que tínhamos antes disso tudo surgir, ou talvez antes de sermos tão dependentes da velocidade.

Poucos talvez saibam o doce sabor de uma viagem de trem, poucos talvez apreciem a estrada dentro do ônibus e toda a nuance oferecida pela viagem, perde-se a magia da viagem, do caminho percorrido para se chegar ao destino final.Desse caminho desprezado poderíamos tirar muitas lições ou mesmo refletirmos e afastar o stress tão rotineiro de nossas vidas.

O ato de comer então nem se fala, veneramos o fast food, lugar desenhado especialmente para que você , caro leitor não perca seu precioso tempo comendo.Ali tudo é desenhado par evitar a permanência no lugar.Cores vibrantes, cadeiras desconfortáveis, mesas em pouca quantidade para que assim fiquemos com a sensação de estar importunando as outras pessoas que poderiam estar ali sentadas e não estão devido a estarmos apreciando lentamente nossos lanches.

Os esportes passam por grandes transformações para ganhar agilidade.Bolas com menos resistência ao ar, carros com motores modificados , roupas para que o nado se torne milésimos mais rápido são criadas, notamos assim que perder mesmo que for um milésimo de segundo hoje em dia é algo extremamente trágico.Afinal estaríamos nós pobres seres humanos ganhando tempo ou perdendo ?

Será que ao deixar de lado muitas coisas afim de ganhar tempo na aumentando a velocidade das coisas não estamos caminhando para uma automatização dos nossos movimentos e uma padronização de pensamentos, até cursos superiores com menor duração foram criados para suprir uma necessidade de formação de um jovem que não tem paciência para perder 4 anos nas universidades, moradas do saber , são eles os famosos cursos tecnólogos , formando pessoas na velocidade que elas necessitam.Não que esse profissional não seja capacitado mas como se sente aquele que passou 4 anos em meio aos estudos?

Nem vou adentrar aqui no assunto casamento, já tivemos casamentos relâmpagos com duração de um mês, com tudo exigindo velocidade até o tempo necessário para se conhecer de verdade a pessoa com quem desejamos passar o resto da vida foi executado e diminuído, afinal amor se cria com o tempo! Será ?