quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Como moldar uma criança para o mundo

Mais um dia das crianças se aproximando, que a data foi transformada e criada pelo capitalismo para suprir uma brecha entre o dia dos pais e o natal e tornar o meio do segundo semestre mais atraente para o consumo esta subentendido, mas deixarei esse aspecto de lado um pouco para dissertar um pouco sobre o cenário infantil atual.De fato essa decisão teve influencia direta de algumas aulas de sociologia administrativa mas meu senso critico continua a flor da pele observando o ser humano como nunca.

Vamos fazer um exercício e voltar por alguns instantes ao nosso passado.Faço um convite a reflexão para o cenário de nossas infâncias.Os mais antigos brincavam com o que tinham e os brinquedos sugeridos para suas épocas eram os que formavam os potenciais operários das fabricas oriundas da revolução industrial e da aceleração sofrida pela economia a partir disso.Assim como no livro Admirável mundo novo de Aldous Huxley que tanto choca uma porcentagem significativa da sociedade preparávamos o futuro de nossas crianças, crianças operarias em maioria do gênero masculino e verdadeiras donas de casa prendadas e fadadas ao fracasso social, dependentes ao extremo de seus maridos. Chaves de fenda de plástico, chave inglesa, carrinhos de rolimã, carrinhos no geral .As meninas ganhavam fogãozinho, panelinha , coisas para brincar de casinha e bonecas para treinarem para seu futuro, criadas para serem mães e eximias donas de casa.

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A tendência da moda e dos estereótipos perfeitos também foi agrupada a brincadeira, surgindo assim super heróis fortões, bonecas já não mais com cara de criança mas sim de mulher feita e sobre tudo muito magra como Susy e Barbie.A boneca que antes era uma criança fofinha e com apelos para o lado materno da menina agora era erótica e namorava, ia ao shopping , salão de beleza e esbanjava beleza pelas passarelas dos sonhos das meninas que almejavam a uma vida parecida com a de suas bonecas , um corpo perfeito e um namorado rico e musculoso.

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Como o passar do tempo as profissões foram se diversificando e o mundo infantil acompanhou as novas tendências, surgiam brinquedos que simulavam a nova vida capitalista , banco imobiliário, pão fujão ( fábrica de pães de massinha de modelar) Maquinas de sorvete , maquinas de chiclete e produtos ligados aos sonhos das criança para o futuro como artigos relacionados aos esportes e bonecas para que as meninas praticassem a maquiagem.Aos poucos os eletrônicos foram então introduzidos.

Grande sucesso na década de 1990 o Pense bem da tec toy surge como grande avanço já que era um misto de jogo de perguntas e respostas sobre diversos assuntos num brinquedo com botões que envolviam números e letras.Uma luz parecia surgir no fim do túnel, desde então os equivalentes ao pense bem foram aparecendo e o uso do eletrônico tornou-se mais comum nas brincadeiras.

Cantigas de roda, brincadeiras inocentes e até mesmo as não tão inocentes hoje em dia fazem parte de um passado distante que só os mais maduros se recordam.Maravilhados com a tecnologia os pequenos não mais se interessavam pelas estórias infantis e muito menos pelas brincadeiras de rua, o computador foi introduzido como brinquedo de uma maneira tão natural na vida do ser humano que nem nos demos conta desse processo, tudo isso graças a facilitadores anteriores como os vídeo games.Matar , competir, montar casas e até cuidar da vida de seres humanos foram tomando conta das brincadeiras das novas crianças. Novas crianças essas que nem precisavam mais montar um time de futebol , pegar uma bola e jogar no meio da rua, agora estava tudo em seu vídeo game com seus ídolos e a possibilidade de ser mesmo que de uma forma lúdica o ídolo por um dia.

É preciso mudar o meio para manter os fins, é preciso mudar para não mudar, adaptar-se aos novos contextos sociais, aos novos recursos que a humanidade dispõe para continuar o processo de moldar-nos a algo.

E o que dizer dos programas de televisão, cada vez mais repletos de gincanas , brincadeiras onde se ganha ou perde algo de valor, palhaços, bonecos foram trocados por mulheres que diante de um mundo moderno onde a mãe saiu a luta pelo sustento faziam o papel de mães virtuais mandando abraços pela TV e dando um carinho que a criança já não possuía em casa.Mais tarde essas também foram substituídas por crianças, já que a tendência agora é de cada vez mais termos um distanciamento físico das outras pessoas, tornou-se necessário trazer a criança para perto dos pequenos pela TV.

Os desenhos animados de hoje em dia nos ensinam a lutar, lutar , lutar e lutar e lutar para que afinal ? Não se sabe, no geral salvar alguém de algo ou até a própria historia da humanidade, Homens que ressuscitam para salvar a humanidade(não estou falando de Jesus) guerreiros que lutam contra monstros criados pela ciência, ciência que luta contra ciência e na outra ponta crianças que competem por algo sempre lutando , sempre competindo, sempre criando uma gana pela vitoria e pelo reconhecimento.

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Agora o reflexo é a fama ,todos querem um minutinho a qualquer custo, surgem então as séries que mostram a vida de supostos artistas e Shows da vida real para formar cantores, atrizes resumindo , famosos.

E a violência ? Nunca deixamos de lado , sempre com uma pitada de emoção nesse sentido, sempre muita luta , quando não é física é luta por palavras.Mas sempre mantendo o instinto animal.

Seriamos nós todos apenas peças de uma grande maquina cujo movimento é gerado pelo coletivo que tem que ser minuciosamente treinado para movimentar ela mesmo que inconscientemente ? Moldados a isso não podemos reclamar fomos acostumados, criados assim, suprindo nossas carências e sendo preparados para sermos o que somos.

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